Guardiões da Galáxia Vol. 3 – Uma Despedida Magistral e um Novo Rumo para a Marvel
Eu precisava desse filme exatamente como ele foi para as telas. Há muito tempo a Marvel tem decepcionado, mas agora pretendo resumir os pontos onde ela pode aprender com o trabalho impecável de James Gunn na Marvel. Com bom ritmo, profundidade ideal do roteiro no universo do MCU, impacto, engajamento emocional e humor adequado, o diretor entrega seu magnum opus na despedida, e só podemos aguardar que isso se converta em acertos para a nova empregadora – a DC.
Ritmo
O que se espera de um filme da Marvel? Que você não durma na cadeira. Isso quer dizer que é preciso enganar o espectador em troca de um hype barato ou criar dezenas de cenas de ação sem fundamento? James Gunn mostra que é possível nos fazer apaixonar por um personagem já conhecido há 9 anos e um punhado de filmes, mas nunca aprofundado. Tenho certeza de que Bradley Cooper merece muito apreço pelo trabalho de dar mais dimensões a Rocket utilizando somente a voz, mas o roteiro e a direção pra mim tem sinergia certeira e as reflexões que cada guardião faz ao longo do filme enquanto nós acompanhamos flashbacks do herói acamado constroem não somente a urgência da missão, mas a importância.
Claro que gostamos das piadas e da genialidade do guaxinim espacial, mas nunca tivemos tanto material para nos ligarmos emocionalmente com ele. A apresentação dos seus antigos amigos e o desfecho triste dos mesmos dão solidez a todo sarcasmo e defensividade do personagem em filmes anteriores. Isso de forma alguma deixa o filme lento! A ação tem sentido e propósito definidos: quando são da perspectiva de Rocket no passado a ação é para se salvar, quando no futuro onde uma força externa (e desconhecida) atropela Rocket a ação é contra o tempo que resta para salvá-lo de sua própria programação, feita para nunca o deixar se curar.
Desenvolvimento dos personagens
O filme ao mesmo tempo que resolve Rocket como personagem multidimensional também explora temas relevantes e crônicos com leveza adequada. Fora o arco principal, Peter tem seu arco onde precisa lidar com o fato de que a Gamora que ali existe já não é mais a mulher que ele amou e tem que encarar o luto da relação que se perdeu. Com menos tempo de conflito em tela, os demais servem ao mesmo tempo de alívio cômico e construção de um conflito de propósito: será que não é hora de os Guardiões seguirem os caminhos separados para se tornarem mais do que só mercenários?
Se colocarmos em conta os subtextos temos ainda dois temas recorrentes no longa. O primeiro que senti é o que define uma criatura digna de ser livre para existir? É um questionamento cada vez mais relevante na era do nascimento da inteligência artificial das ficções para a realidade. Outro é sobre os testes em animais. Até onde é moral gastar a vida de seres que tem suas emoções e consciência própria de mundo em prol de uma sociedade avançada? Quem somos nós para sermos os projetistas do universo?
Mensagem
É nessa linha de pensamento inclusive que o diretor consegue uma proeza que praticamente nenhum filme do MCU conseguiu: vender um vilão imoral e interessante. Outros filmes se baseiam em alta moralidade e baixa empatia para criar vilões (Killmonger, Thanos, Abutre são alguns exemplos que me vem à mente).
E tudo isso acontece sem pesar o filme ou criar uma narrativa pretensiosa para um filme que se baseia em cenários dos mais imaginativos e boa música das antigas (dessa vez pra mim nem tão antigas). James Gunn porém não se preocupa muito em desenvolver os novos personagens, e encarou o foco do filme como uma troca: ou entregava um encerramento excelente para os antigos Guardiões ou estabelecia o Adam Warlock e outros personagens. A decisão em não forçar uma sequência para mim é acertada! Caso a Marvel – duvido muito – decida não fazer mais filmes dessa franquia ela estaria salvaguardada no tempo.
Resumindo
Esse para mim é o melhor filme desde Vingadores Ultimato e isso quer dizer muito quando se pensa nos bons filmes que vieram antes. Me dá vontade de assistir toda a trilogia de novo!
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